por frei Lopes Morgado
A iniciativa
deste Ano, que vai encerrar no dia 2 de fevereiro de 2016, dia mundial do
consagrado, foi anunciada pelo papa Francisco a 29 de novembro de 2013, no
final de um encontro com os Superiores Gerais dos Institutos Religiosos em
Roma, e insere-se no contexto da celebração dos 50 anos
do Concílio Vaticano II, tantos como os do Decreto “Perfectae Caritatis” sobre
a conveniente renovação da Vida
Religiosa, que dele saiu.
A propósito,
em 2 de fevereiro de 2014, Festa da Apresentação do Senhor,
Dia Mundial do Consagrado, a Congregação para os
Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica (CIVCSVA)
dirigiu aos consagrados e consagradas uma Carta Circular. Intitulada
“Alegrai-vos”, tem como epígrafe uma citação do Papa
Francisco: «Queria dizer-vos uma palavra, e a palavra é alegria. Onde quer
que haja consagrados, aí está a alegria!» A Conferência
Episcopal Portuguesa (CEP) fez-lhe eco em 13 de novembro, na Nota Pastoral «Chamados a
levar a todos o abraço de Deus»; e o mesmo fez o bispo de Leiria-Fátima, numa outra mais breve,
intitulada Profetas e semeadores de
esperança, em 21 de
novembro.
OBJETIVOS. A CIVCSVA fixou-lhe três objetivos. O primeiro é «fazer memória agradecida do passado», nomeadamente dos caminhos de renovação da vida religiosa; o segundo, «abraçar o futuro com esperança», face às crises atuais e às incertezas do amanhã, quando a crise de natalidade e de valores ameaça a sobrevivência de bastantes institutos, sobretudo na Europa.
O qual supõe, como complemento, um terceiro objetivo: «viver o presente com paixão».
Esta paixão é assim caraterizada na Carta Pastoral da CEP: «uma paixão de
enamoramento, de verdadeira amizade, de comunhão; uma paixão por evangelizar a própria vocação e
testemunhar a beleza do seguimento de Cristo; uma paixão para despertar o mundo com testemunho profético, em presenças significantes nas periferias geográficas e existenciais da
pobreza.» Como o futuro só a Deus pertence, toca-nos viver o presente com
esta paixão, embora inspirando-nos em figuras do passado que marcaram o
seu tempo e perduraram até ao nosso, como a de Santa Teresa de Jesus, cujo
centenário de nascimento celebraremos também em 2015, a 28 de março.
A extensa Nota
Pastoral dos nossos Bispos, dividida em cinco apartados, analisa depois «A Vida Consagrada no coração da Igreja», fala do Ano da Vida Consagrada como de «Um ano de bênção e de graça», refere a
necessidade de «Celebrar a
Vida Consagrada na comunhão da Igreja» e conclui com «A alegria do
Evangelho no coração da Vida
Consagrada», numa alusão à exortação apostólica
do papa Francisco sobre “A Alegria do Evangelho”.
INICIATIVAS. Apresentando
uma série de iniciativas, umas novas e outras já consolidadas, a Nota sublinha: «Desejamos que
todas as iniciativas deste Ano da Vida Consagrada sejam assumidas com
interioridade na santidade, com coerência na vida comunitária, com testemunho
na missão. O encanto, a alegria e o entusiasmo no seguimento de Cristo,
assumidos por todos os consagrados e consagradas na sua existência como
discípulos missionários e por todas as formas de vida consagrada, constituirão certamente fermento e atração de novas
vocações à Vida Consagrada.»
Destaca as
várias iniciativas previstas ao nível da igreja universal, entre as quais «não faltará uma solene concelebração presidida
pelo Papa, em finais de 2015, nos 50 anos do Decreto “Perfetae caritatis”,
quase a concluir as celebrações do Ano da
Vida Consagrada»; e especifica, para Portugal: «Neste conjunto
de celebrações, queremos avivar o Dia do Consagrado, instituído
universalmente em 1997 por São João Paulo II, para “ajudar toda a Igreja a valorizar sempre mais o
testemunho das pessoas que escolheram seguir a Cristo mais de perto, mediante a
prática dos conselhos evangélicos e, ao mesmo tempo, ser para as pessoas
consagradas uma ocasião propícia
para renovar os propósitos e reavivar os sentimentos, que devem inspirar a sua
doação ao Senhor”.»
O que é a “vida consagrada”?
A designação «Vida Consagrada» refere-se a
um comum horizonte eclesial em que se articulam, de forma complementar,
carismas e instituições: ordens e
institutos religiosos dedicados à contemplação ou às obras
de apostolado; sociedades de vida apostólica; institutos seculares e outros
grupos de consagrados; formas novas ou renovadas de vida consagrada; a Ordem
das Virgens, as viúvas e os eremitas consagrados; todos aqueles que, no segredo
do seu coração, se entregam a Deus com uma especial consagração (cf. Vita Consecreta, 2).
Ainda faz falta, hoje?
A «Vida Consagrada» está colocada
mesmo no coração da Igreja, como elemento decisivo para a missão, visto que exprime a íntima natureza da vocação cristã. E continua
a ser um dom precioso e necessário também no presente e para o futuro do povo
de Deus, porque pertence intimamente à sua vida, santidade e missão. Os consagrados são chamados a
assumir, na radicalidade do seu ser, a mesma exigência que é feita a todos os
discípulos de Cristo, no horizonte das bem-aventuranças: «Sede perfeitos
como é perfeito o vosso Pai celeste»
(Mt 5,48).
CEP, Nota Pastoral
Fonte: Site http://www.capuchinhos.org/
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