quarta-feira, 16 de março de 2016

DOMINGO DE RAMOS: MOMENTO DE PREPARAÇÃO PARA O TRÍDUO PASCAL

 “Eis aí te vem o teu Rei, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de animal de carga.” (Zacarias 9,9).
E as multidões, tanto as que o precediam, como as que o seguiam, clamavam: Hosana ao filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas! E, entrando Ele em Jerusalém, toda cidade se alvoroçou e perguntavam Quem é este? E as multidões clamavam: Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia.” Mateus 21:1-11.
As citações acima estão contidas na Sagrada Escritura e nos remete ao Domingo de Ramos. Mas e qual o significado desta data para a Igreja católica? De acordo com o Padre Júlio César da Paróquia Menino Jesus de Praga, localizada no bairro Sacy, as lições dessa data e de como vivenciar as celebrações nos orientam para uma bela mensagem. “Comecemos pela escolha do animal. Ele vem montado em um jumento e não em um cavalo que era símbolo do poder e de aquisição econômica. O jumento é símbolo da pobreza e da promoção da paz. Portanto, isso revela qual foi a opção de Jesus e o caminho a ser seguido: o da simplicidade”, explica.
Essa é a primeira mensagem. Assim, fica fácil a interpretação de que o Domingo de Ramos é a comemoração litúrgica que recorda a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém onde Ele iria celebrar a Páscoa judaica com seus discípulos.
É o portal de entrada da Semana Santa. É no Domingo de Ramos que se inicia a Semana da Paixão. É o dia em que a Igreja lembra a história e a cronologia desses acontecimentos para dele tirarmos uma lição.
“Já desde a entrada da cidade, os filhos dos hebreus portavam ramos de oliveiras e alegres acenavam com eles, estendiam mantos no chão para Jesus passar sobre eles. Jesus entrou na cidade como Rei!”, relembra o padre.
“Até parece que era um desejo d’Ele que fosse assim, pois, a cena em que tudo transcorre reproduz a profecia de Zacarias: o rei dos judeus virá. Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no potro de uma jumenta”(Zc 9,9).
Embora Jesus montasse um simples jumento, o cortejo caminhava na expectativa de estar ali o Messias prometido.  Jerusalém transformou-se, era uma cidade em clima de festa.
Ele foi aplaudido e aclamado pelo povo: “Hosana ao Filho de Davi: bendito seja o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel; hosana nas alturas. Isto aconteceu alguns dias antes  que Jesus fosse condenado à morte, quando os ecos dos gritos de Hosana já se misturavam ao clamor de insultos, ameaças e blasfêmias que o levariam a sua Paixão redentora”, cita o padre.
E Jesus Cristo de fato foi recebido como o príncipe da paz. No início da Semana Santa, a Igreja celebra durante uma semana os acontecimentos que tratam da condenação, paixão, sofrimento, morte, crucificação e ressurreição de Jesus. “Mas não podemos focar a atenção nos ramos. A nossa Igreja nos convida a focar no servo sofredor. Se tomarmos o livro de Isaias nós iremos perceber já na 1° leitura da missa que Jesus é a imagem do príncipe da paz, mas que deu o seu rosto a seus torturadores. Fica evidente toda a espiritualidade do sofrimento”, pontua o sacerdote.
Esse momento é, portanto de preparação, principalmente para o chamado tríduo pascoal (quinta-feira santa, sexta-feira santa e o sábado santo). “Sobretudo a quinta-feira, quando Jesus Cristo vai para o monte das oliveiras e tem toda a celebração da ceia do senhor com a instituição da eucaristia e também o sacerdócio, e a sexta- feira onde nos recordamos de toda a via sacra, ou seja, todo o sofrimento de Jesus.
A Quaresma, período que estamos vivenciando, deve nos conduzir para a busca da conversão, e pela remissão dos pecados. Mas e a postura no domingo de ramos?
Padre Júlio César reforça que devemos acompanhar Jesus que entra em Jerusalém . Não somente o Jesus Cristo vitorioso, mas também o traído porque ele foi morto por motivos não somente religiosos, mas sobretudo políticos e econômicos. Com Jesus Cristo  devemos lutar contra essa sociedade que tem uma estrutura de poder que banaliza a pessoa humana. Isso se dá através de gestos concretos como o da solidariedade. Atente que a nossa  Igreja coloca a coleta da campanha da fraternidade como gesto concreto de solidariedade de justiça e de paz no domingo de ramos”.
O Sacerdote vai adiante e nos convoca para mais reflexões. “Muitas vezes louvamos a Cristo e nos enchemos de boas intenções para seguir os seus ensinamentos, porém, ao primeiro obstáculo, nos deixamos levar pelo desânimo, ou pelo egoísmo, ou pela falta de solidariedade e, mais uma vez, por esse desamor, alimentamos o sofrimento de Jesus.”
Uma dúvida de muitos fiéis é sobre os ramos da celebração de domingo. Alguns ficam em dúvida sobre o consentimento de leva-los para casa. De acordo com padre Júlio César “é até bom que levem, no entanto é um suvenir apenas. Na realidade o que se deve levar é uma mudança de vida, uma conversão. Os ramos não são amuletos. A Igreja Católica não concorda com esse tipo de devoção. Devemos é levar Jesus Cristo no coração” finaliza.
Por Vera Alice Brandão
FONTE: Arquidiocese de Teresina

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